BCE sobe juros para 4%: como afeta a Euribor e a prestação da casa?

Regulador europeu voltou a subir as taxas diretoras em 25 pontos base, dando gás à subida da Euribor até ao patamar dos 4%.
19 jun 2023 min de leitura

As previsões do mercado cumpriram-se. O Banco Central Europeu (BCE) decidiu voltar a subir as taxas de juro diretoras em 25 pontos base esta quinta-feira, dia 15 de junho. Depois desta nova subida, a oitava consecutiva, o preço do dinheiro na Zona Euro atingiu os 4%, o valor mais elevado desde setembro de 2008. Este novo aperto das taxas de juro diretoras deverá voltar a estimular a subida das taxas Euribor e, por conseguinte, o aumento das prestações da casa, quer para os créditos habitaçãonovos, quer para os existentes. E não deverá ser a última subida dos juros diretores pelo BCE.

política monetária do BCE para fazer baixar a inflação na Zona Euro continua a seguir o caminho previsto com este novo aumento das taxas de juro em 25 pontos base. Isto porque, “embora a inflação tenha vindo a descer, as projeções indicam que permanecerá demasiado elevada durante demasiado tempo”, justificou o Conselho do BCE em comunicado.
 

E, por isso mesmo, o regulador europeu não deverá ficar por aqui. A própria presidente do BCE, Christine Lagarde, admitiu que “é muito provável continuar a aumentar as taxas em julho”. E os especialistas de mercado apontam que esse aumento deverá ser novamente na ordem dos 25 pontos, o que elevará a principal taxa de refinancimento para os 4,25%. Para já, Lagarde descarta fazer uma pausa na política restritiva do BCE, uma decisão que já foi tomada pela Reserva Federal dos EUA.

Apesar de o regulador europeu estar a optar por subida os juros diretores a um ritmo mais lento, esta nova restrição da política monetária vai continuar a impactar a carteira das famílias. A verdade é que esta nova subida das taxas de juro diretoras vai continuar a dar gás à Euribor, levando a que as taxas subam para o patamar dos 4% - hoje então nos 3%. Em resultado, este cenário continuará a dificultar o acesso ao crédito habitação, a incentivar a amortização antecipada dos empréstimos, bem como as renegociações dos créditos. E tem ainda efeitos na oferta dos bancos para atrair clientes. 
 

Juros do BCE deverão subir ainda mais – e não vão cair até 2024

Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião de política monetária, Christine Lagarde avisou que "é muito provável” haver uma nova subida das taxas de juro na próxima reunião agendada para o dia 27 de julho, recusando a ideia de que o banco central irá avançar com uma pausa na subida dos juros - pelo menos, para já. Esta é, de resto, uma visão partilhada pelos vários especialistas de mercado ouvidos pelo idealista/news.

As decisões do regulador liderado por Christine Lagarde quanto ao rumo da sua política são tomadas de reunião em reunião consoante os dados económicos que chegam ao Conselho do BCE, em particular o da inflação na Zona Euro, que se situou em 6,1% em maio (a inflação subjacente fixou-se em 5,3%). “A inflação não vai resolver-se sozinha, portanto, (…) o BCE tem de continuar a aumentar as taxas de juro nos próximos meses, pelo menos até que a inflação subjacente desacelere”, aponta o economista e professor de finanças Miguel Córdoba.

Por esse motivo, Raymond Torres, diretor do departamento de economia da espanhola Funcas, considera que “o BCE vai continuar a subir as taxas até julho, embora o que acontecerá depois seja incerto”. Também Gilles Moëc, economista-chefe da AXA Investment, concorda que haverá um novo aumento do preço de dinheiro na reunião de julho, quanto as taxas de juro podem atingir o seu pico.

O economista Miguel Córdoba acredita que as taxas de juro do BCE deverão oscilar entre 4% e 4,5% na segunda metade de 2023 e, depois, deverão estabilizar se a inflação e os preços dos alimentos diminuírem. Isto porque, além do BCE ter de se preocupar em baixar a inflação até ao patamar dos 2%, também tem de ter em conta a diferença existente entre os juros aplicados na Europa e nos EUA (que estão entre 5% e 5,25%), uma vez que “influencia decisivamente a valorização do dólar face ao euro,encarecendo a fatura europeia do petróleo e do gás, quando se paga em dólares”, explica.

Também Raymond Torres acredita que o BCE deverá fazer uma pausa na subida dos juros este verão – à semelhança do que fez o Fed nos EUA esta quarta-feira - para "acomodar o impacto no crédito a empresas e famílias e ainda o arrefecimento da procura, conseguindo, assim, conciliar o seu objetivo de travar a inflação, com o de garantir a estabilidade financeira da Zona Euro e evitar que a economia descarrile”.
E quais são as previsões para 2024? Tudo vai depender de como evoluírem os dados económicos e financeiros – bem como a guerra na Ucrânia. Se a inflação na Zona Eurocontinuar a descer (sobretudo a subjacente), “é possível que as taxas de juros caiam em 2024 para entre 3% e 3,5%, o que apontaria o caminho para que em 2025 e 2026 estejamos em torno de 2%, o objetivo do BCE”, aponta Miguel Córdoba. A queda dos juros diretores em 2024 é uma previsão partilhada por vários economistas, inclusive do BBVA e do Bank of America, estando sobretudo apontada para o arranque do segundo semestre do próximo ano.

 

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